12 de set. de 2011

Monólitos na Furna dos Ossos

Clique para Ampliar

PREFEITO Edilardo Eufrásio, "cumprimenta" índio esculpido de pedra. Ele quer intensificar visitação no parque

A.C. ALVES

Clique para Ampliar

Pedras que retratam bichos embelezam ainda mais o parque de Tejuçuoca. A galinha, a exemplo da de Quixadá, aqui, conversa com o bode, animal tido como rei na região

Ainda pouco explorado pelo turismo de aventura e ambiental, o Parque Furna dos Ossos exalta sua beleza natural
Tejuçuoca. Localizada no semiárido do Sertão do Ceará, em uma área de 1.400 hectares que compreende a Serra da Catarina e a Serra do Macaco, o Parque Furna dos Ossos, uma área de assentados, neste Município, destaque-se pelos seus atrativos naturais. O local dispõe de grutas impregnadas de história e misticismo, animais silvestres, formações rochosas. O bioma caatinga preservado motiva a imaginação dos visitantes. O que antes era privilégio de Quixadá, que ficou conhecido por abrigar a Pedra da Galinha Choca, agora é orgulho também de Tejuçuoca. O mais interessante é que a pedra que se assemelha a uma galinha "conversa" com a pedra que lembra o bode, figura respeitada na região, onde é considerado rei. A imagem pode ser vista logo na entrada do parque que poderá se tornar Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade, um reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para isso, Elizeu Joca, uma espécie de "sabe tudo" do lugar, com o apoio do prefeito de Tejuçuoca, Edilardo Eufrásio, desenvolve um projeto para mostrar a importância da Furna dos Ossos para a humanidade. Outras belas imagens podem ser vistas no local: a gruta da borboleta, a pedra do jacaré, a gruta do sino, a cabeça do índio, entre outras belezas. Visita técnica Na visita, os estudiosos fizeram uma viagem no tempo e a cada parada eram feitas anotações, coletas e fotografias, para elaborar o documento que dará início ao processo de tornar a Furna dos Ossos em um espaço de proteção ambiental, natural e cultural. Rica em fauna e flora, a história remonta momentos memoráveis sobre a localidade. Dizem que, no começo do século, existia pela área de Irauçuba um coronel chamado Pedro Barroso Valente. Quando o homem queria dar fim em um jagunço ou inimigo, a pedido de amigos, enviava essa pessoa para a Serra da Catarina, com um bilhete no bolso ordenando sua morte. Como os jagunços não sabiam ler, pensavam que se tratava de uma carta de recomendação para trabalhar. Após o assassinato, o corpo era enterrado entre as grutas, daí surgiu o nome de Furna dos Ossos. Lenda ou não, o certo é que a Serra da Catarina, a 10Km da sede de Tejuçuoca, virou atração para estudiosos, arqueólogos, universitários, turistas, historiadores e também local de romarias. Os primeiros a pisarem na região foram os índios Tupinambás e, por último, os cangaceiros que faziam do lugar um refúgio contra a perseguição da polícia. Pedras em forma de bicho "Parece que a natureza escolheu o calcário e a região de Tejuçuoca para realizar belas esculturas. Lá, as rochas adquirem formas de bode, galinha, touro, pegadas de onça e até mesmo um perfeito rosto de um índio com mais de 20 metros de altura", observa Elizeu Joca. Tejuçuoca abriga um dos mais fascinantes conjuntos geológicos do País. O nome vem da combinação de Tejuçu, um réptil típico da região, e de Oca, determinação indígena para casa, sendo Casa do Tejuçu. A região é conhecida como Furna dos Ossos, pois dezenas de ossadas humanas eram depositadas ali desde o começo do século 20. São os restos mortais de criminosos, cangaceiros e desafetos políticos que foram executados e deixados insepultos nas cavernas. Aos poucos, a população local começou a dar um destino cristão aos ossos e, na medida em que eram enterrados, erguiam-se pequenos altares que hoje são motivos de peregrinação religiosa, onde está situado o Santuário de Nossa Senhora das Graças. Local de descanso O lugar torna-se ideal para o descanso físico e espiritual. No altar rústico repousa a imagem de Nossa Senhora Aparecida, também venerada pelos visitantes. A paisagem cativa o ecoturista e convida-o a desbravá-la. Grutas como a do Veado Campeiro, do Sino, da Mesa, dos Ossos, do Jardim, do Macaco, do Amor, do Chico Lopes, o Mirante Arco de Deus, o Túnel do Amor e o Platô das Acauãs formam esse conjunto de obras criadas pela natureza. Estalactites e estalagmites seculares redesenham na mente de quem visita o local animais e objetos petrificados. O clima quente lá de fora cede lugar ao friozinho das pedras. O sol penetra por pequenas fendas e ilumina o ambiente. Raízes cobrem as pedras nas furnas, permitindo escaladas aos mais aventureiros. O Parque Furna dos Ossos é, sem dúvida, uma viagem no tempo. Quem não conhece precisa tirar um tempinho para ver de perto tudo que foi narrado. "Desde que a comunidade passou a reconhecer a Serra da Catarina como ponto de atração turística, como a Furna dos Ossos e outras particularidades, muita coisa mudou no pensamento comunitário", assegura Elizeu Joca. Antônio Carlos Alves Colaborador